“A juventude não é apenas um período de vida (…), mas uma qualidade de alma que se caracteriza precisamente por um idealismo que se abre para o amanhã.” (Joao Paulo II)


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SUPEREXPOSIÇÃO NA REDE: NOSSO SAGRADO EM PERIGO


Todos nós sabemos que a web 2.0, como blogs e redes sociais, nos proporcionam um mundo de possibilidades sem fronteiras. A todo momento, novas amizades são realizadas, milhares de fotos e vídeos são compartilhados e, cada vez mais, as pessoas – conhecidas ou não – sabem dos nossos gostos, crenças, opiniões e até sobre nossa intimidade em apenas um click. Mas o que acontece quando este comportamento estrapola os limites da privacidade? Será que não estamos abrindo as janelas do nosso sagrado para que o mundo tenha acesso?
“Eu sempre digo que rede social é espaço público. O que você não faria e não falaria na rua, não faça e não fale nas redes sociais”, diz a especialista e palestrante internacional sobre Marketing Digital, Martha Gabriel. Segundo Martha não faz sentido ficar postando, o tempo todo, o que estou fazendo, onde e por quê. “A gente tem de pensar muito no ‘por que’ está colocando aquela informação no ar, pois, às vezes, estamos nos espondo para correr riscos depois; e isto dá poder para as pessoa nos manipularem”, explica a especialista.
A verdade é que com as plataformas on-line de relacionamentos, o ser humano deu vasão ao seu desejo mais profundo: de se relacionar. No entanto, este comportamento pode esconder problemas de cunho psicológico como carência afetiva, desejo de status e poder. É como se a pessoa pudesse medir o seu grau de importância e auto-estima pelo número de seguidores e pelo feedback que seu ‘amigos’ na rede lhe oferecem.
“Muito se fala no Brasil de inclusão digital, mas pouco se fala de educação digital” Martha Gabriel
“Hoje, as novas tecnologias estão dando às pessoas um status que elas não tinham. Então, o fato de ter milhares de seguidores, de possuir a mais nova tecnologia como celular, tablet, etc., está dando a elas o possibilidade do ‘ter’. Então, elas acabam esquecendo de ‘ser’ neste mundo virtual”, explica Renata Maransaldi, que integra o projeto ANJOTI da Associação Viver Bem, a qual auxilia no tratamento de pessoas com Transtornos do Impulso, como vício em jogos, compras e internet.
A superexposição no trabalho
A superexposição pode arrasar a vida profissional de uma pessoa. Em abril deste ano, uma enfermeira de Olinda (PE) postou uma foto em seu Orkut onde aparecia numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) junto à sua equipe, num clima de alegria e confraternização. O problema é que o hospital não entendeu desta forma e a funcionária foi demitida por justa causa, com alegação de que as fotos geraram comentários de mau gosto e exposição sem autorização de funcionários e pacientes. O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região de Pernambuco concordou com os argumentos do hospital.
“Imagine se uma pessoa apresenta um atestado dizendo que não pode trabalhar, mas quando seu chefe vai checar o Facebook dela, na verdade ela estava na praia ou fazendo algo que mostre que ela não estava doente. Isto já pode ser usado contra ela na justiça”, explica Martha Gabriel.
Educação digital é a solução
A superexposição está aí e devemos, cada vez mais, conviver com este fenômeno, o qual é ao mesmo tempo virtual e humano. Mas o que fazer se já estamos mergulhados neste mar de possibilidades on-line?
“Muito se fala no Brasil de inclusão digital, mas pouco se fala de educação digital. Se nós incluirmos sem educar, vamos estar colocando uma arma nas mãos das pessoas contra elas mesmas”, conclui Martha Gabriel.
Sagrado é, etimologicamente, aquilo que o mundo não tem acesso. Todo ser humano tem o seu espaço sagrado, reservado, intocável e inviolável, mas se não expandirmos este conceito para nossos perfis na rede, vamos sofrer um colapso de identidade, seja ela digital ou humana.
Por Daniel Machado
produtor do Destrave


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