“A juventude não é apenas um período de vida (…), mas uma qualidade de alma que se caracteriza precisamente por um idealismo que se abre para o amanhã.” (Joao Paulo II)


domingo, 28 de agosto de 2011

O DESAFIO DO VESTIBULAR


Papo Jovem
Renata Mattos Dourado Bezerra
Comunidade Shalom
Vestibular, segundo o dicionário, é o “exame para ingresso no ensino superior”; na prática, sabemos que não é assim tão simples. Este “exame” é marcante na vida de todo jovem (e infelizmente nem sempre as marcas deixadas são positivas); este é capaz de fazer os maiores sacrifícios, de deixar tudo, amigos, grupo de oração e qualquer espécie de lazer e divertimento para obter a aprovação.
Cada vez mais cedo, os colégios começam a preparar os alunos para este concurso. E os jovens, atônitos, vêem-se jogados numa rotina estafante de muitas horas de estudo, aulas, simulados e toda uma parafernália montada em torno deles, tendo em vista unicamente o seu “sucesso” no famigerado vestibular. À sua volta, gritam muitas vozes internas e externas: “Você tem de ser o número um!”; “Ser bom só, não é suficiente!”; “Meu filho vai fazer medicina, afinal ele não pode desperdiçar tanta inteligência...”; “Quer morrer de fome, menino? Onde já se viu ganhar dinheiro fazendo vestibular para Física????”; “Enquanto você está aqui perdendo tempo, tem um concorrente seu estudando!”...
    No meio de tudo isso, mergulhado numa rotina que chega a ser cruel, raramente o jovem é capaz de perceber a importância e o sentido desse momento, afogado que está na objetividade do ter de passar de qualquer jeito. Por causa da falta de sentido, o que era para ser apenas um exame, acaba se tornando uma verdadeira tortura, um gigantesco turbilhão gerador de frustrações.
 Antes de ser “vestibulando”, o jovem é um ser em busca de sentido, que originalmente deseja e procura a felicidade, ou um motivo para ser feliz, como diria Viktor Frankl, fundador da Logoterapia.

Descobrir o sentido de sua vida: este é o grande desfio do jovem de hoje. E este sentido pode estar muito ligado à profissão que vai exercer ao longo da vida. Somos chamados a transformar, a recriar o mundo, e fazemos isto através dos talentos que nos foram confiados por Deus, dentro do exercício de nossa profissão, do nosso trabalho. E, no que toca esta questão, os estudos têm grande importância, porque, além de proporcionarem ao jovem a descoberta daquilo para o qual foi criado, também vão prepará-lo, dar-lhe subsídios para colocar isso em prática.
    Os estudos figuram, então, como um caminho de crescimento e de amadurecimento na descoberta do sentido, não só porque trazem à tona os talentos e aptidões, mas também, e principalmente, por causa da disciplina e do trabalho que eles desprendem. A partir desse tempo de descoberta e discernimento, a pessoa vai se conhecendo, descobrindo suas inclinações e conciliando aquilo de que gosta com aquilo que sabe fazer.
    Nos dias de hoje, mais do que nunca, a educação precisa ser voltada para a responsabilidade. Ser responsável é ter a capacidade de fazer escolhas. E a escolha profissional é de cada um e não dos pais. Cada um é livre para escolher o que quiser, e essa escolha, de um modo bem particular, é muito séria. Não deve de modo algum ser feita aleatoriamente e nem se basear em um mito do tipo: “Vou escolher o curso X porque é o que dá dinheiro” ou então, o que é mais triste: “Não sei o que vou fazer, vou marcar qualquer um”.
Não se deve trocar a realização pessoal e profissional por uma brincadeira, por uma escolha feita pelos pais, amigos ou quem quer que seja; e muito menos pela ilusão do dinheiro ou do “status”. É por causa desse tipo de engano que vemos tantos profissionais medíocres, tantas pessoas frustradas. É preciso escolher bem e ser responsável por aquilo que se escolhe, e ir até o fim, dar o melhor de si. Se não somos coerentes com aquilo para o qual fomos criados ou se não nos responsabilizamos pela escolha que fazemos ou ainda, se brincamos com nossas escolhas, corremos o sério risco de jogar nossa vida e seu sentido pela janela. Temos um compromisso, uma responsabilidade com a nossa vida e ninguém pode fazer a escolha no nosso lugar. Ninguém pode nos impor o modo nem o montante com o qual vamos contribuir com Deus na missão a que fomos chamados, já que esse chamado é pessoal; e a escolha livre que fazemos, ou não, a partir desse chamado também o é.
    Nesse caminho, Deus mesmo vai abrindo as portas que deseja. Muitos jovens já sofreram com o fato de não terem passado no vestibular; entretanto, não conseguiram essa aprovação porque, certamente, Deus tinha reservado algo muito melhor para eles.
Porém, não se pode culpar a Deus quando, aparentemente, não recebemos nada “em troca”. Muitas vezes o “não passar” é fruto de uma negligência nossa, por não abraçarmos esse tempo como um momento único da vida, como uma oportunidade de crescer, conhecer, aprender. Deus quer que vivamos esse tempo correndo todo tipo de “risco”; com as alegrias e conquistas, mas também com os aparentes erros e fracassos, para que com eles amadureçamos como jovens de Deus, que têm nele a razão de passar por isso tudo. Se a vontade de Deus é a razão do nosso vestibular, não sofreremos tanto com as decepções, pois já teremos a paz garantida.
É preciso, portanto, perceber o vestibular não como um fim em si mesmo, muito menos como um instrumento de mensuração da inteligência – como muitos querem afirmar –, mas como uma maneira de descobrir e começar a realizar aquilo para o qual fomos criados; e de, dando o melhor de si, contribuir com Deus em favor da humanidade e da construção do Reino.

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